“É pra rico ou pra pobre”, essa frase nasceu de uma provocação do então candidato do PT à prefeitura de São Paulo Fernando Haddad, as políticas tucanas e kassabianas no Estado e na capital paulista.
Uma política que sempre deixou o “outro lado da ponte” à margem da sociedade.
Os incêndios em favelas (em lugares valorizados pela especulação imobiliária), a cruzada contra os camelôs e os ovos crus nos bares é só alguns exemplos do modus operandi da política tucana-kassabiana.
Mas, vamos deixar a “locomotiva do Brasil” de lado e dar a Cabral o que é de Cabral.
O governador carioca tem um defeito gravíssimo: gosta muito de rico.
Os fatos (e as fotos) mostram.
Mas, é justo que se diga que a política das UPPs nas comunidades cariocas colocam muitos de frente pro mar. Tá, de frente pode ser exagero, mas com uma visão melhor daquele que abre os braços sob a Guanabara.
Cabral já tem um pinheirinho pra chamar de seu e, tudo isso, porque vai entregar uma “arena-padrão-Fifa” ao amigo Eike Batista.
Eis que ontem veio a público um vídeo estarrecedor, pra dizer o mínimo.
Na operação que prendeu o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, a Polícia Civil carioca usou um helicóptero na captura.
Quem viu a chamada da matéria na transmissão do modorrento Corinthians e São Paulo foi apresentado a uma superoperação. O narrador da partida, Cleber Machado, anunciou como “uma perseguição digna de Hollywood”.
O que se vê no vídeo é tiros partindo do helicóptero e nenhuma equipe de terra na operação.
A versão oficial é que o blindado da PM teve o pneu furado pelos criminosos que acobertavam a fuga de Matemático.
Os tiros do helicóptero atingiram casas e prédios da Favela da Coreia, zona oeste do RJ.
Os oficiais não tinham certeza se o traficante era mesmo quem estava no alvo. “Tá parecendo ele, hein?”, disse um agente. “É isso aí. Parece mesmo”, disse outro, no vídeo exibido pelo Fantástico, antes dos disparos fatais.
A pergunta que fica é: na Zona Sul do RJ, a operação teria se dado da mesma forma?
Se acontecesse, quantos artistas hoje teríamos andando de camisa branca e dando abraço simbólico em algum ponto turístico? Quantas cruzes estariam fincadas na areia da praia?
Quando a bala perdida chega no bairro de Manuel Carlos é que ela passa a ser importante. Enquanto ela fica “por lá”, tudo bem.
Este editor considera justa toda a forma de protesto. E não deseja mal a quase ninguém.
Não concorda que ninguém seja esculachado por portar um cigarro de maconha.
Rico ou pobre.
Mas, infelizmente, a polícia no Brasil não trata morador da favela como trata o filho da Casa Grande.
Tudo isso num país que “não é racista e nem classista.”
E num mundo que “não existe mais esquerda e direita.”
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