Por Bruno Pavan
Este editor deslechado e ausente acompanhou no feirado a prisão dos condenados mais famosos do julgamento do Mensalão.
Assunto que mexe com os instintos mais primitivos das torcidas de Fla e de Flu, li comentários de todos os tipos nas redes sociais.
Desde aqueles que compararam os Josés, Dirceu e Genoino, a Nelson Mandela, àqueles que desejavam que os dois fossem estuprados na prisão.
O importante, como disse o Murilo, numa espécie de editorial (só que sem o costumeiro colesterol dos jornalões), é não perder o bonde da história.
Acontece que em certo momento da sexta-feira, o ator e tuiteiro José de Abreu começou a reproduzir inúmeros tuítes de pessoas que desejavam se filiar ao PT e “ser a resistência contra um processo injusto que visou minar as conquistas de um projeto progressista para o Brasil”.
A causa das filiações, se elas realmente ocorrerem, não importam tanto. A consequência é que é o ponto chave e pode ser muito saudável para o partido.
Depois da crise do mensalão, em meados de 2005, uma espécie de “faxina” foi feita nos quadros do PT. Genoino, Dirceu e Pallocci (vítima de outro escândalo), homens fortes de outrora, foram jogados pra escanteio.
Nos lugares dos dois últimos, que eram ministros, ascenderam Dilma Rousseff e Guido Mantega.
A renovação dos quadros segue acontecendo e o partido segue apostando no “novo”, como Fernando Haddad na capital de São Paulo.
O que precisava agora, caro colaborador, era uma renovação de baixo, da militância, para deixar o ar entrar.
A consequência do interesse de quem era “simpatizante ” do partido virar filiado é, quase sem querer, uma tentativa de ponto final na política que levou ao Mensalão.
Hoje o PT tem outros problemas, como a perigosa aproximação com ruralistas e a omissão contra a bancada igrejeira no Congresso.
Só ideias “novas” vindo das bases, sem compromisso com governabilidade, podem fazer o partido voltar a dialogar com as ruas e movimentos sociais.
Que a rapaziada “que vai em frente e segura o rojão”, como disse Gonzaguinha, empurre o PT de volta pra esquerda e seja a responsável pelo que talvez seja uma terceira fundação do partido.