Quem vai restar no futebol?

 

Por Bruno Pavan

Vicente Matheus foi presidente do Corinthians.

Talvez um dos mais folclóricos que já existiu.

Apaixonado pelo clube chegou a tirar dinheiro do bolso para trazer jogador.

Amador, no melhor sentido da palavra, para recusar uma proposta por Sócrates, disse que o jogador era “invedável” e “imprestável”.

O tempo passou, a lusitana rodou, e os tempos são outros.

O futebol foi se profissionalizando, o que é bom, e começou a ver nos seus torcedores uma massa de consumidores.

Nada de errado até aqui, caro colaborador.

Mas, a velha máxima de que “futebol não se aprende na escola” foi esquecida numa gaveta, e ficou amarelada pelo tempo.

Os negros desdentados do Maracanã, como diria Nelson Rodrigues, estão próximos de virar nome de banda de rock nonsense.

Eis que hoje, um “especialista em marketing esportivo” que deve ter acabado de sair de um MBA, desfila preconceito com os pobres nos estádios.

Os consumidores do futebol não são como outros consumidores.

Quando você comprar uma marca X de um produto Y e ele não te agrada, você muda de marca.

Sem cerimônias!

O torcedor de futebol, esse masoquista por natureza, não liga se o banheiro do estádio não tiver secador elétrico de mãos; se a cadeira não tem porta copos; se o cachorro quente não tem purê e provolone.

Ele vai continuar torcendo pelo seu time.

Homem que é homem, não muda de time!!!!

Mas os marqueteiros não pensam assim.

O que importa é “a marca do clube”.

A iniciativa do São Paulo de vender ingresso mais barato: “atrai um perfil de público que devemos abolir dos estádios, que é uma bandidagem”.

Percebeu o tempo do verbo, colaborador, na terceira do plural: devemos.

A geração marketing tomou o futebol para si.

Nesses tempos em que não se pode mais chamar “estádio de estádio”, “devemos” afastar os desdentados do estádio.

O futebol não é um esporte.

São noventa minutos de emoção e alegria.

As dores ficam lá fora.

O inferno fica lá fora.

Parece que os pobres também!

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Uma resposta para Quem vai restar no futebol?

  1. Heitor disse:

    Incrível como parece ser somente no quesito futebol que a classe média se preocupa com os pobres! Futebol não tira da miséria, o que tira é educação, moradia e renda!

    Os dirigentes de futebol no Brasil são altamente corruptos e incompetentes, desviam toda a grana, e no final das contas é nós que pagamos, pois de tempo em tempo o governo, de forma inacreditável, anistia todas as dívidas, premiando a bandidagem. Que o futuro no straga um futebol mais auto-sustentável, e uma população sem miseráveis, assim todo mundo que quiser poderá pagar e assistir uma partida de futebol com conforto, respeito e segurança!

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